13 de set. de 2009

Roupa velha

No fundo do armário
Em baixo daquelas caixas
Um embrulho envelhecido e perfurado pelas traças
Está seguro ali mantido
Em nome de alguma precisão
A previdência não é cara
Tampouco a preocupação
Viro os olhos pra lembrar
Quando foi a última vez
Que despi o meu orgulho pra provar a insensatez
Que lembrei que o medo é maior que o número trinta e seis
Que a coragem embrulhada já tem cheiro de bolor
Já não respira abafada
Não mais reage apertada
Nem tem cara de desafio
Está ali pra nada, parada
Comida, fedida e entulhada.
No dia em que for vestí-la
Será lavada, passada e tingida
Talvez preta ou colorida
Será usada e pendurada
Junto das outras roupas da vida.

Um comentário:

Larissa Simioni disse...

E um brinde a Olivia Lispector!