26 de dez. de 2009

Doença

"Ai, não"
Eu pensei nisso certamente por instinto quando os vi trocando olhares.
Eu afirmei o perigo que corria dentro de mim quando permiti que eles trocassem olhares.
Doença, ele me disse depois. Ela é doença.
A doença da vida dele ou da minha? Ou vida seria exagero? Doença da alma que eu acredito que continua após a vida...
O tempo me ensinou a agarrar as coisas que eu queria pra mim pra sempre. Ele é uma das coisas que eu quis chamar de amor. Amor daqueles que eu sabia cuidar bem pra não faltar. Deixei-me ser sua, sua de tudo. Ele me deixou pela Doença.

A Doença e ele foram felizes por um bom tempo. Acho que quando alguém que procura tanto a cura de si como ele se enfeitiça com esses apelos.
Sempre o fascinou tentar entendê-la, descobrí-la e medir forças, o principal.
Quando ele estava prestes a encontrar a cura, a Doença o levava de volta aos soluços, palpitações e tremores de madrugada.
Logo se foi a paz de caminhar na rua sem medo de ser apanhado por ela e o simples pensar o trazia de volta ao momento de relaxamento que precede uma queda de pressão.
Doença o ensinou a ter alguns medos que não tinha antes por nunca ter andado em terreno tão movediço. De certa forma, ela até o fez crescer.
Ele veio diferente depois dela, mais maduro, mais seguro e mais satisfeito com a vida.
O aceitei pois ele jurou nunca mais tocar no nome dela (até porque não somos mais amigas há tempos) e também porque ainda o quero pra mim. Vivemos assim, varrendo pra lá o passado. Ele vai e volta pra mim, cada dia com mais certeza de que quer voltar. Exceto aqueles dias em que o pego com olhar distraído. Sei que ele pensa nela, mesmo sem precisar.