16 de jan. de 2009

Fragmento do dia de hoje


Janeiro é um mês que quase não vejo todo ano. É meio morto, com jeito de ano passado. Estou em janeiro, estamos todos em janeiro. No mesmo emprego ou ainda sem emprego, esperando o outro ano se animar pra começar ou simplesmente seguindo a morosa valsa quente de verão.
Estou dando voltas pra desconversar. Como as pessoas que falam sobre o clima no elevador. As pessoas também falam sobre o dólar, o euro ou o acidente de avião em que ninguém morreu mas poderia ter morrido, de hipotermia.
Pra que inventar história? Meus dias parecem escritos por alguém muito aflito, ou empolgado ou alguém qualquer entediado e a fim de uma diversão sem compromisso, é verão.
Estou assim, janeiro. Perdoe-me a franqueza. Estou assim, cheia e vazia. Querendo dizer um monte de coisas que eu rabisquei na minha mente e agora não querem saltar para os dedos converterem em letras.
Estou sozinha com a casa cheia e não consigo fotografar o sol. O sol não tem graça em janeiro. O sol tem graça em agosto quando ele aparece pra esquentar as mãos frias na hora de almoço.
As formigas e cupins estão procriando e não podemos impedí-las, estão por toda parte. As pessoas estão por toda parte fazendo tudo igual todos os dias, formigas. É quente demais, quente. Estou no quarto olhando para a rua, pensando no dólar, no euro e no acidente de avião em que ninguem morreu de hipotermia.
Inútil. Janeiro não vai passar em branco porque reclamei dele, pra desconversar.