31 de out. de 2007

Destino final

A necessidade de resumir, de condensar, de converter tudo o que sou, numa latinha.
Guardarei minha alma extra-virgem e embalada à vácuo num receptáculo metálico com prazo de validade indeterminado.
Contarei com segredos de corredores de supermercados, de fofocas de Donas de Casa, com o trato dos repositores que me colocarão em lugares estratégicos a fim de ser consumida.
Passarei por esteiras de caixas, por leitores de código de barra que lerão o meu significado e traduzirão o meu valor nas telas das registradoras. Serei incluída no cupom fiscal como apenas mais um item da longa tira de papel expelida pela máquina.
Viajarei num porta-malas qualquer para cumprir o destino final: a prateleira embaixo da pia, junto ao sal, o ajinomoto e o vinagre de maçã. E, num dia desses, alguém abrirá meu cárcere e eu serei displicentemente jogada sobre uma folha de alface.