19 de set. de 2008

Ajustes

Em que mundo você vive?
No que você está pensando?
Por que eu ainda me sinto atraída por suas camisas amassadas que nunca entraram dentro de uma calça e nem no meu armário?
Já faz tempo que eu ouvi aquela música que você chamou de nossa. E como da última vez, eu dancei. Mas agora, danço sozinha.
Eu vi há algum tempo que não podia mais fingir que você estava ali e comecei a me olhar mais no espelho. Cada detalhe de mim refletido revelava algo que eu desconhecia.
Eu não sabia que tinha sardas do lado esquerdo do rosto, ou que meu nariz era torto um pouquinho pra esquerda. Ou acho que sabia...Não devia ter importância pra mim esse tipo de coisa.
Eu sempre consegui reparar perfeitamente se o seu cabelo estava bom ou ruim, se tinha algum fio branco novo. Eu sempre consegui distinguir o seu cheiro no meio de uma multidão, como um perdigueiro. Sempre te achei mesmo sem saber que estava procurando.
É incrível como as dores no pescoço sumiram e todas aquelas coisas no meu quarto escondiam uma estante de madeira bonita, que minha mãe me deu.

Eu quero guardá-lo dentro dela, assim, você pode estar lá quando eu resolver escondê-lo de novo.



(Fragmento de algum ajuste, pode servir para você.)

2 comentários:

Larissa Simioni disse...

seu filho no meu blog...
quero mais desenhos....
furona!!!ficamos te esperando...

Mensageiro Literário disse...

É, as vezes precisamos de parar para fezer alguns ajustes antes de ir seguindo. Também gostaria de guardar muitas coisas comigo, mas percebi que nada é meu, nada do que eu realmente dou valor é meu, amigos, amores, paixões. Tudo se vai, só o material dura um tempo mais, amarelando ou desfazendo com o tempo.
É, também esqueci de reparar em mim.

Não guarde as pessoas, sinta-as, guardar é perigoso, podemos esquecê-las. Esquecer como elas são e guardar só o envólucro.

Adorei!

Bju, Rô