19 de jan. de 2011

O Cristo

O homem fotografava o monumento com um cigarro na mão. Tomou distância pra enquadrar o Cristo em frente a igreja. Uma mocinha aproximou-se pedindo o isqueiro.
O homem guardou a máquina e acendeu seu cigarro. A mocinha sorriu e encostou-se na mureta da praça. O homem encostou-se também fazendo um comentário sobre a beleza do local, visto que a mocinha também era turista. Aproveitou para fotografá-la com o Cristo ao fundo usando a máquina de seu celular. Ela sorriu feliz com seu batom vermelho para a foto, chamava-se Eduarda e estava ali esperando alguém chegar.
O homem era amável e galanteador, parecia entender de arte e ter viajado muito, Eduarda se sentiu cortejada. Coisa que algumas mulheres perderam a capacidade de sentir nos dias de hoje.Talvez porque vivem uma vida de não esperar mais que certas atitudes devam partir dos homens ou perderam a fé no amor, vai saber o que as pessoas pensam...
Domingos convidou Eduarda para um café, depois do segundo cigarro. Ela olhou para o lado, hesitante. Logo estão às gargalhadas e provocam alguns olhares aheios. Eduarda se cala e permite-se pensar em compostura. Logo Domingos percebe e pede que ela se livre de certos freios que a sociedade nos impõe. Eduarda vê grande sabedoria nas suas palavras, gostava de homens maduros e livres. Diferente dos homens com quem já havia estado, Domingos parecia seguro sobre o futuro, sobre o que tinha na vida, sobre a ideia de felicidade, leveza das coisas. Eduarda ficou encantada com a mente daquele homem e com o quanto poderia aprender com suas experiências, estava ali absorvida.
Domingos olhou pros olhos da moça e teve um pressentimento daqueles que tinha quando antevia uma encrenca.
Decidiu encerrar a conversa e pediu a conta. Disse que tinha de ir a um compromisso. Pagou os cafés e partiu.
Eduarda deixou as impressões sobre Domingos dominarem seus pensamentos. Pensou em sua falta de sorte.


Joana pediu licença para atender o telefone. Era seu namorado queixando-se de sua ausência. Guardou a câmera e sentou-se no banco da praça para convencê-lo de que era preciso passar um tempo com seu pai. André achou que ela estava fria demais. A discussão aumentou depois que Joana mencionou suas desconfianças. Joana virou o rosto e chorou no banco da praça, em frente a imagem do Cristo e à igreja colonial.
Joana pensou séria no amor. Nunca tinha sido tão sério assim. Precisava estar concentrada pra ser feliz, pra ter o que queria, chegar onde queria. André estava dando provas claras de que não pensava da mesma forma - Joana suspirou tomando seu sorvete de tiramissu.


Domingos aparece procurando Joana, dão-se os braços e falam das ruas, dos cafés, do passado, das enchentes de verão, de seus descompromissos. E foram assim cheios de risos por aí. Até o fim de tudo. Não importa nada, afinal, nada. Dizia ele...

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