13 de out. de 2009

O guri

Eu vi um guri outro dia no meio da rua querendo grana pra comprar um milho verde. Com doze anos e a pele morena, olhos mais vivos que eu na idade dele. Eu vi o guri e lembrei de alguma coisa. Quis comprar o milho e talvez uma vida nova, mas ele não queria. Ele queria voltar pro pedaço de chão que ele ganhou no viaduto.
Sentei ali no pedaço de chão e chorei, chorei. O guri nem olhou pra mim. Foi pedir o milho pra outra pessoa. Eu nem notei que ele não era mais guri, era mais um. Era mais um jogado aí. Com o lábio craquelado e a fala ensaiada pra pedir. Nem adiantou eu chorar sentada ali. Nem dinheiro nem nada. Os olhinhos que eu vi, quis guardar na minha mente, peguei aquela pequena semente e dei um abraço antes de ir.

Um comentário:

Éder Fogaça disse...

Amiga Olivia

Chorar é transformador. O mundo muda quando alguém chora. Chorar mostra que não estamos aqui em vão.

Um abraço do
Éder.