13 de nov. de 2007

Paciência

Chegou o chefe. Com aquela cara de pouco amigos. Bateu a porta atrás de si provocando uma corrente de ar que derrubou os papéis da mesa. Ele reclamava da conta de água, que tinha chegado à R$300,00 no mês passado e depois que pegou um café, sentou-se na cadeira de interlocutor da recepção e pôs-se a desfiar seus problemas mais recentes para Wânia, a secretária.

-A vida tá difícil, sabe? O condomínio subiu, a conta do restaurante subiu, o seguro do meu carro, da minha moto, da minha casa na praia e do meu apartamento também subiram. Estou bem preocupado.

-Nem me fale, Doutor. Lá em casa, cortamos a despesa do supermercado pela metade.

-Mas então, como eu dizia: Minha mãe foi internada semana passada com a diabete lá na estratosfera. Lá vai dinheiro com remédios pra ela.

-Meu filho está com dengue. Domingo passamos o dia todo no hospital com o coitadinho. Eu fico aqui no escritório com o coração na mão.

-E minha restituição do imposto de renda não ajudou em nada. Ainda tenho 5 prestações do Home Theater pra pagar...E esse mês, se não for sorteado no consórcio da lancha, desistirei.

-E eu tenho que acertar o carnê da C&A porque já tão me ligando faz 3 semanas!

-Bem, Wânia, o segredo de tudo é a paciência.

-É verdade, Doutor. Acredito em Jesus e na vontade de Deus. Temos que ter paciência e confiar.

-Poisé.

O chefe termina o café e sobe para a sala dele pra jogar uma partidinha de Paciência. Já a Wânia preferiu o Campo Minado.

Um comentário:

Claudio Siqueira disse...

Realmente gosto dos seus textos. Mas este último, como eu disse, marca uma diferença. Continue. :]