Camaleão é o cara que muda de cor pra escapar do predador.
Juca era o camaleão.
Ele não brincava em serviço, estava sempre prestando atenção. Na hora H ele punha sua cara de triste, sofrido, de alegre, divertido e descontraído. Mas não aquilo que era dentro, dentro era o ego espremido querendo saltar de satisfação.
Juca pegava mais um e outro. Ganhava dinheiro com a sua concentração.
Gostava de Jazz e de Bossa conforme fosse a situação.
Tinha livros de tudo que era coisa e discos de coisa que ninguém tinha. A moda mudava Juca e Juca vestia outra cara, conforme a estação.
Não era triste, nem alegre, nem era nada. Era o que pedia a ocasião.
Mas em casa o Juca às vezes chorava de solidão. Eram tantos sentimentos e nada de coração.
"Nada importa senão o dia" era o que dizia a terapia, mas no fundo, o Juca sabia de onde vinha a agonia.
Vinha do vazio de querer ser só.
Um comentário:
Conheço vários Jucas....
Um dia já fui um, mas me libertei...
Belo post!!!!
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